Um dos princípios básicos do desenvolvimento de uma capital é a mobilidade urbana. O direito de ir e vir tendo acesso a um transporte coletivo seguro, ágil e confortável, quando cumprido, garante o bem-estar e a qualidade de vida da população e coloca a cidade em questão no futuro.
Mas Campo Grande, infelizmente, está bem longe desse futuro, presa num engarrafamento de desculpas esfarrapadas e falta de comprometimento.
No meio de uma pandemia, envolta numa grave crise econômica, que vêm ceifando vidas, empregos, dignidade, cidadania das pessoas, o campo-grandense é surpreendido por uma paralisação, em plena segunda-feira.
É repulsiva a falta de simpatia e respeito aos trabalhadores do varejo que dependem do transporte coletivo, não apenas pela paralisação, mas pela forma como são (des)tratados, sem o mínimo de consideração. A sensação que se tem é que tudo o que puder feito para que NADA seja feito, está sendo feito.
Não foi o transporte alternativo que tirou os clientes dos coletivos, mas sim, o péssimo serviço entregue por eles. Pois entre pagar para andar em ônibus lotado, correndo o risco de contaminação, de se sujar, de se machucar, as pessoas preferem buscar outros meios de transporte, até ir a pé, para não passar raiva.
E passam os dias, os meses, os anos e absolutamente nada é feito para melhorar. O transporte coletivo em nossa capital parece ser intocável. Ninguém é capaz de encontrar e colocar em prática uma solução que nos garanta o direito ao um transporte público digno e acessível.
Ficamos presos num passado tenebroso, sem esperanças de seguir em frente. E, pensando no passado, já que não há expectativas para o futuro, não fosse a necessidade de utilização de animais, a CDL Campo Grande sugeriria a adoção das velhas e boas carroças. Pelo menos teríamos a certeza de que as pessoas chegariam ao seu destino, afinal, carroça por carroça, melhor uma que nos leve ao destino.
Adelaido Vila – presidente CDL Campo Grande
Imagem: acevo da ARCA – Fotos que contam a história de Campo Grande